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Debaixo da chuva

Como resbala a água pelas minhas costas! Como molha minha saia, e põe em minhas bochechas seu frescor de neve! Chove, chove, chove, e vou, caminho adiante, com a alma ligeira e a cara radiante, sem sentir, sem sonhar, cheia da volúpia de não pensar. Um pássaro se banha num lago turvo. Minha presença o estranha, se detém... me olha... nos sentimos amigos... Os dois amamos muitos céus, campos e trigos! Depois do assombro de um camponês que passa com sua enxada ao ombro e a chuva me cobre de todas as fragrâncias dos arbustos de outubro. E é, sobre o meu corpo pela água empapado como um maravilhoso e estupendo lenço de gotas cristalinas, de flores desfolhadas que reviravoltam do meu caminho as plantas assombradas. E sinto, no vácuo do cérebro sem sonho, a volúpia do prazer infinito, doce e desconhecido, de um minuto de esquecimento. Chove, chove, chove, e tenho na alma e carne, como um frescor de neve.

A figueira

Porque é áspera e feia, porque todos seus galhos são cinzas, eu tenho piedade da figueira.   No meu quintal tem cem árvores velas, ameixeiras redondas, limoeiros sem dobraduras e laranjeiras de brotação lustrosa Nas primaveras, todas elas se cobrem de flores ao redor da Figueira E a pobre parece tão triste com seus galhos tortos que nunca de apertados capulhos se veste... Por isso, cada vez que eu passo do seu lado, falo, procurando fazer doce e alegre meu acento «É a figueira a mais bela de todas as árvores da horta». Se ela escuta, se ela compreende o idioma que falo, que fofura tão profunda fará ninho na sua alma sensível de árvore!   E talvez, de noite, quando o vento balance sua copa, embriagada de prazer conte a ela:   Hoje me chamaram de linda!

A Figueira

  Porque é áspera e feia Porque todos os seus ramos são cinzentos Eu tenho pena da figueira.   Onde eu moro há cem árvores belas Ameixeiras redondas Limoeiros sem curvas E laranjeiras de mudas lustrosas.   Na primavera Todas se cobrem de flores Em torno da figueira.   E a pobre parece tão triste Com seus galhos tortos que nunca De apertados brotos se veste...   Por isso, Cada vez que eu passo ao seu lado, Digo, procurando, Soar doce e alegre a minha voz “A figueira é a mais bela De todas as árvores do pomar”.   Se ela escuta, Se compreende o idioma em que falo, Que profunda doçura fará ninho Em sua alma sensível de árvore!   E talvez, de noite, Quando o vento sopre a sua copa, Embriagada em gozo, diga:   Hoje me chamaram bonita!

A Figueira

Porque é áspera e feia, porque todas os seus galhos são cinzas, eu tenho piedade da figueira.   No meu bairro há milhares de belas árvores, ameixas redondas, limoeiros retos, e laranjais com botões lindíssimos.   Na primavera, todos elas se cobrem de flores em torno da figueira.   E a coitada parece tão triste com seus galhos torcidos e nunca se veste de apertados botões...   Por isso, quanto mais eu fico ao seu lado, digo, tentando fazer doce e alegre meu sotaque: “É a figueira a mais bela   de todas as árvores do jardim”.   Se ela escuta, se compreende o idioma que falo, que doçura tão profunda que fará um ninho na sua alma sensível de árvore!   E talvez, pela noite, quando o vento abane sua copa embriagada de prazer lhe conte;   Hoje me disseram maravilhosa!

A Figueira

 A FIGUEIRA   Porque é áspera e feia, Porque todos os seus ramos são cinza, Eu tenho pena da figueira.   No meu sítio tem cem belas árvores, Ameixeiras redondas, Limoeiros retos E Laranjeiras de botões brilhosos.   Nas primaveras, Todas elas se cobrem de flores Em torno da figueira.   E a coitada parece tão triste Com seus galhos torcidos que nunca De apertados casulos de veste.        ( no he podido hacer la traduccíon correctamente)   Por isso, Cada vez que eu passo ao seu lado, Digo, procurando Usar meu doce e alegre sotaque “Eres a figueira mais bela De todas as árvores do pomar”   Se ela escuta, Se entende o idioma que eu falo, Que a doçura tão forte fará um ninho Na sua alma sensível de árvore.   E talvez, a noite, Quando o vento balance sua copa, Embriagada de prazer lhe dirá:   Hoje me chamaram linda!
O Conto dos Óculos Todas as coisas em este mundo costumam parecer de uma maneira quando, na realidade, são de outra . No cinema, parece que as imagens se movem, contudo, apenas acontece que a pessoa vê o que já passou, enquanto está acontecendo outra coisa... Às vezes, isso também acontece fora do cinema. Porém, o importante é que se não existisse essa fenômeno “a permanência da imagem na retina”, ou seja, se a pessoa tivesse uma boa visão.., a invenção do cinematógrafo teria sido impossível.  

O homem, a mosca e o casaco

 O homem é parecido em muitas coisas com a mosca: às vezes é chato, às vezes gosta da nata, às vezes vai para onde não deve e às vezes o caçam. Mas em outras coisas, não se parece. Por exemplo: a mosca no inverno fica meio zonza, porque a velocidade das suas reações orgânicas está condicionada  pela temperatura exterior. Quer dizer que a mosca tem o calor no seu corpo. Isso se chama termogênesis. O homem se conserva a si mesmo. Produz sua própria temperatura. O casaco só lhe serve para reter o calor que ele criou. O casaco não é uma calefação, é uma tampa. Não dá o calor que o homem necessita, limita-se a não deixar escapar o que o homem mesmo faz. O homem, pois, trabalha oito horas a fim de ganhar o pão -e os bifes, as batatas, as espigas, o ensopado- que vão servir para manter essa temperatura. Durante o dia escreve na máquina, leva livros, faz ordens, fala no telefone, atravessa ruas, pisam nele, vai aos bancos, levanta taxímetros, empurra; tudo para que não lhe falte sua sopa de ar