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Mostrando las entradas de mayo 9, 2021

Debaixo da chuva

Como resbala a água pelas minhas costas! Como molha minha saia, e põe em minhas bochechas seu frescor de neve! Chove, chove, chove, e vou, caminho adiante, com a alma ligeira e a cara radiante, sem sentir, sem sonhar, cheia da volúpia de não pensar. Um pássaro se banha num lago turvo. Minha presença o estranha, se detém... me olha... nos sentimos amigos... Os dois amamos muitos céus, campos e trigos! Depois do assombro de um camponês que passa com sua enxada ao ombro e a chuva me cobre de todas as fragrâncias dos arbustos de outubro. E é, sobre o meu corpo pela água empapado como um maravilhoso e estupendo lenço de gotas cristalinas, de flores desfolhadas que reviravoltam do meu caminho as plantas assombradas. E sinto, no vácuo do cérebro sem sonho, a volúpia do prazer infinito, doce e desconhecido, de um minuto de esquecimento. Chove, chove, chove, e tenho na alma e carne, como um frescor de neve.

A figueira

Porque é áspera e feia, porque todos seus galhos são cinzas, eu tenho piedade da figueira.   No meu quintal tem cem árvores velas, ameixeiras redondas, limoeiros sem dobraduras e laranjeiras de brotação lustrosa Nas primaveras, todas elas se cobrem de flores ao redor da Figueira E a pobre parece tão triste com seus galhos tortos que nunca de apertados capulhos se veste... Por isso, cada vez que eu passo do seu lado, falo, procurando fazer doce e alegre meu acento «É a figueira a mais bela de todas as árvores da horta». Se ela escuta, se ela compreende o idioma que falo, que fofura tão profunda fará ninho na sua alma sensível de árvore!   E talvez, de noite, quando o vento balance sua copa, embriagada de prazer conte a ela:   Hoje me chamaram de linda!

A Figueira

  Porque é áspera e feia Porque todos os seus ramos são cinzentos Eu tenho pena da figueira.   Onde eu moro há cem árvores belas Ameixeiras redondas Limoeiros sem curvas E laranjeiras de mudas lustrosas.   Na primavera Todas se cobrem de flores Em torno da figueira.   E a pobre parece tão triste Com seus galhos tortos que nunca De apertados brotos se veste...   Por isso, Cada vez que eu passo ao seu lado, Digo, procurando, Soar doce e alegre a minha voz “A figueira é a mais bela De todas as árvores do pomar”.   Se ela escuta, Se compreende o idioma em que falo, Que profunda doçura fará ninho Em sua alma sensível de árvore!   E talvez, de noite, Quando o vento sopre a sua copa, Embriagada em gozo, diga:   Hoje me chamaram bonita!

A Figueira

Porque é áspera e feia, porque todas os seus galhos são cinzas, eu tenho piedade da figueira.   No meu bairro há milhares de belas árvores, ameixas redondas, limoeiros retos, e laranjais com botões lindíssimos.   Na primavera, todos elas se cobrem de flores em torno da figueira.   E a coitada parece tão triste com seus galhos torcidos e nunca se veste de apertados botões...   Por isso, quanto mais eu fico ao seu lado, digo, tentando fazer doce e alegre meu sotaque: “É a figueira a mais bela   de todas as árvores do jardim”.   Se ela escuta, se compreende o idioma que falo, que doçura tão profunda que fará um ninho na sua alma sensível de árvore!   E talvez, pela noite, quando o vento abane sua copa embriagada de prazer lhe conte;   Hoje me disseram maravilhosa!